BOLETIM DO QUILOMBO #10

Salve Quilombo!

Boletim na área com algumas ações da Mandata coletiva Quilombo Periférico nessa virada de maio para junho. 

Estamos nos aproximando do triste número de meio milhão de mortos vítimas da COVID-19 no Brasil. Cada prato vazio na mesa de um paulistano é hoje um grito de socorro. Não à toa estivemos nas ruas no último dia 29 para fazer ecoar a voz do povo nas ruas: FORA BOLSONARO!

Na maior cidade da América Latina a lógica do desenvolvimento urbano segregador impera. Essa semana foi aprovada na câmara a revisão da Operação Urbana Consorciada Água Branca. Entre os pontos mais polêmicos da proposta apresentada pelo executivo municipal está a redução dos valores cobrados pelos Certificados de Potencial Adicional de Construção – Cepacs. Em sua fala Elaine Mineiro destacou a brutalidade e o racismo que estão por trás da grande marcha ao desenvolvimento e riqueza de São Paulo: “Entretanto, o que se oculta nessa mitologia é parte dos assassinatos, da escravização, da exploração e expropriação de índios e negros que sempre contou com a associação do poder público”. A Mandata Coletiva Quilombo Periférico, junto com a bancada do PSOL votou não ao projeto de lei apresentado pelo executivo por entender que essa, como outras operações urbanas na cidade de São Paulo, seguem uma lógica segregadora. Neste link você encontra mais informações sobre a Operação Urbana Consorciada Água Branca.

Fazendo valer nosso lema de campanha “nada mais sobre nós, sem nós”, convocamos os movimentos sociais, lutadores das periferias e todos os vereadores  para uma audiência pública sobre o PL 502/2007 de autoria do Vereador Ricardo Teixeira (DEM), que visa “proibir crianças e adolescentes em bailes funk”. Foi um espaço muito importante para denunciar mais uma tentativa de criminalizar a cultura e a juventude preta e periférica. O PL ainda seguirá em discussão na câmara e você pode conferir como foi a audiência abaixo.

Ainda sobre a nossa atuação dentro da câmara, protocolamos essa semana um requerimento que solicita informações com relação a eficácia do plano de amparo aos trabalhadores da cultura. Pedimos acesso aos documentos com as metas, prazos, análise de impacto e demais questões do plano, além de uma resposta do porque o valor empenhado até o momento é inferior ao valor empenhado em anos não pandêmicos. Você pode acessar o requerimento enviado clicando neste link.

É estratégia política dos de cima que não saibamos como se dão os processos políticos e que não tenhamos acesso à informações importantes sobre como funciona a gestão da cidade. Em oposição a esta lógica, aconteceu essa semana o terceiro aulão organizado pelo LabCidade com a Mandata Coletiva Quilombo Periférico e outros mandatos sobre o Plano Diretor Estratégico na perspectiva da Cultura. Assim como essa acontecerão outras formações, então fiquem atentas às nossas redes sociais para garantir participação.

No dia 2 de junho de 2020, Mirtes Renata Santana de Souza saiu para trabalhar (durante a pandemia) num dos prédios mais luxuosos de Recife – o Píer Maurício de Nassau. Teve que levar consigo Miguel Otávio Santana da Silva, seu filho de 5 anos de idade. Mirtes saiu de casa para passear com o cachorro da família e quando voltou encontrou seu filho morto. Um ano sem resposta, um ano sem justiça pela vida de Miguel. Nossa mandata esteve presente nas mobilizações que relembraram este caso como símbolo de tantas outras mães que choram com a violência contra os corpos de seus filhos. Miguel presente!

Para fechar o boletim desta semana não poderíamos deixar de homenagear os padres Eduardo e Jaime, sacerdotes da Paróquia Santos Mártires no Jardim Ângela que anunciaram sua despedida do Brasil. Os dois irlandeses vieram combater o genocídio no lugar que, segundo a ONU, era o mais violento do mundo no final da década de 90. Por serem nossos aliados sempre, os agradecemos por partilharem os momentos de dificuldade e também de alegria. Com saudações alvinegras e esse trecho de Eclesiastes que descrevem direitinho como vivem Jaime e Eduardo. 

“Das muitas tarefas é que vem o sonho,
e das muitas palavras só a gritaria dos insensatos” 

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